quarta-feira, 31 de março de 2010

SERIA TRÁGICO SE NÃO FOSSE CÔMICO – DE NOVO

Um professor de história de uma escola pública, sempre viveu modestamente, mas sempre foi apreciador dos grandes pintores, e sabia o valor de uma obra de arte, um dia foi convidado por um amigo, professor da Universidade Federal, para ir com ele até um hotel de luxo no centro da cidade, pois iria se encontrar com um amigo da época de faculdade. Chegando ao hotel o professor de história ficou estático, estava diante do maior e mais famoso pintor da sua época, seus quadros eram concorridíssimos e sempre vendidos por valores altíssimos, só sua assinatura num quadro já valia milhares de dólares. O pintor convidou para entrar, abraçou calorosamente o amigo professor universitário que em seguido apresentou seu amigo professor de História, a noite estava memorável, bebiam vinho francês caríssimo enquanto falavam de política, esportes, mulheres, festas, futilidades, tudo estava indo bem até que o professor universitário recebeu um comunicado pelo celular, informavam que sua mãe não estava passando bem e que ele deveria ir imediatamente ao hospital, foi o que fez, se despediu do amigo pintor, mas quando o professor de História se levantou para acompanhar, o amigo o pintor pediu:
- Por que não fica aqui enquanto ele vai lá? Se ele não voltar eu o levo em casa!
Como o amigo universitário também sugeriu e o vinho, o fundi e o papo estava bom ele ficou. A noite corria muito bem quando o professor História perguntou ao pintor se as inspirações surgiam assim do nada, o pintor disse que sim e emendou:
- Inclusive neste momento estou a fim de pintar alguma coisa. -Assim o fez, pintou e assinou a obra, ali ficaram conversando, quando o professor resolveu ir para casa, como o pintor concordou que não tinha condições de dirigir, um táxi foi chamado, nas despedidas, muito embriagado o pintor pediu desculpa por estar fazendo o professor gastar com táxi já que havia prometido levá-lo em casa, e inesperadamente ofereceu o quadro pintado, o professor muito feliz aceitou imediatamente.
Naquele restinho de noite quase não dormiu direito, acreditava estar sonhando: o encontro, o quadro que valeria uma nota preta, sem contar o orgulho de falar aos amigos que tinha um... - Quando o dia amanheceu, esperou o amigo marceneiro abrir seu estabelecimento e já foi pedindo para fazer a mais bela moldura que ele conseguisse: - É para colocar o que?
- É está pintura. - Ele não quis falar o valor do quadro para não correr riscos do amigo comentar com alguém e ser roubado.
Como o marceneiro não entendia nada de pintura, a não ser pintura de parede, não faria diferença.
- Posso ficar com o quadro para tirar as medidas? – Perguntou o amigo marceneiro.
- Pode, mas muito cuidado!
O professor de História estava ansioso, ligava todos os dias para saber se estava pronto até que: - Professor pode vir buscar que a moldura está pronta.
O professor pegou o carro e foi voando para lá:
- Olha professor ficou lindo de mais, pra ser sincero nunca fiz nada com tanto capricho!
- É, tenho que admitir ficou muito bonito mesmo, mas e a pintura, porque ele já não está na moldura?
- Sabe professor, essa moldura é muito bonita e...
- Fala logo, onde está meu... – o professor estava nervoso, temia pelo pior.
- Sabe que somos amigos há muitos anos, né!
- Tá bom, mas onde está a pintura!
- Meu filho botou fogo num plástico, estava rodando-o, de repente, uma bola com fogo escapou do plástico que caiu bem em cima daquela pintura fazendo um buraco enorme bem no meio do quadro, sabe como é criança, – o professor estava vermelho a ponto de estourar quando o marceneiro completou – mas também, linda como está a moldura nem combina com aqueles rabiscos chinfrinhos, né!
Você não vai me obrigar dizer o que o professor fez e o que recomendou ao ex-amigo marceneiro fizesse com a moldura, vai?

Um comentário:

  1. Parabéns Inivaldo!
    Bela história. Li e gostei muito, você escreve com esmero, bom ritimo e coesão.

    Voltarei para ler seus escritos.

    Abraços

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