domingo, 28 de março de 2010

O FIM DO REINO EDUCAR

Num tempo não muito distante, numa região muito bonita, com campos verdejantes, jardins bem cuidados, estava localizado um belo castelo que ficava dentro do reino Educar. Ele era diferente da maioria dos castelos, pois dentro dele havia muita alegria e sabedoria, era habitado principalmente por crianças, adolescentes e jovens, adultos, constavam em números bem menores, era uma gente esperançosa.
O rei Thôr era quem comandava esse reino, sendo ele eleito pelos ministros-mestres e pelos outros habitantes do reino.
Na realidade o sucesso do reino dependia muito do trabalho desenvolvido pelos ministros, conhecidos como mestres. A função principal dos ministros-mestres era de preparar novas gerações e distribui-las para povoar e melhorar outros reinos.
Os habitantes do reino Educar saiam, na sua maioria, preparados para exercerem as mais diversas atividades, dentro do próprio reino Educar e, com mais freqüência, para outros reinos.
Fazendo divisa com o reino Educar haviam outros reinos, dentre eles, o reino da rainha Ygghy Norância, ela não gostava das atividades dos moradores do rei Educar, achava que os habitantes daquele reino saiam muito informados e não se sujeitavam aos mandos e desmando de pessoas despreparadas, dizia ainda que eles ajudavam a encarecer a mão de obra e o pior, tinham a mania de formar opiniões, criando oposição aos seus desmandos e falcatruas.
Havia também o reino do rei Pres Sor, que também não gostava dos habitantes do reino Educar, pois, segundo ele, adquiriam a péssima mania de ser tornarem contestadores, não se deixarem enganar com facilidade e tinham a petulância de quererem ser livres e se acharem com direitos.
O rei Lapso também achava a vida no reino Educar muita chata, pois ele já fora súdito de lá, sem contar que seus habitantes tinham o péssimo hábito de ficar buscando melhorias, aprimoramentos e isso deixava o povo mais exigente.
Numa determinada época a rainha Ygghy Norância, o rei Pres Sor e o rei Lapso, se uniram, decidiram invadir o reino Educar e acabar com tudo que acontecia ali, sob alegação de que eram subversivos e contrários à ordem, a moral e os bons costumes. Inicialmente minariam as forças dos habitantes daquele reino, assim, primeiramente cortaram as provisões que iam para lá, também bloquearam as verbas que serviam para equipar o reino Educar e pagar os ministros, com isso a qualidade de vida no reino começou a cair, com fome e sem meios para comprar novas armas-livros o reino Educar foi enfraquecendo, seus habitantes começaram a se desinteressar, pois não viam muitos objetivos em continuar ali, em seguida proibiram a entrada de novas armas-livros além de queimar as existentes sob alegação de serem perigosas para a sociedade, a partir daí o reino começou a ficar totalmente desprotegido. Súditos que já não gostavam de estar ali até elogiaram a intervenção, a maioria deles mudaram-se para o reino do rei Lapso que divulgava as vantagens de estarem ali, pois não teriam que perder tempo, teriam mais atividades prazerosas e viveriam livres e mais intensamente.
Alguns sábios ministros-mestres foram expulsos do castelo, outros foram para as masmorras do castelo do rei Pres Sor que passou a monopolizar seus conhecimentos para oprimir ainda mais o povo, os mais ativistas e combativos foram eliminados.
A princípio, os ex-moradores do reino Educar não estranharam, até gostavam de poder escolher em qual reino podiam morar, tendo a sensação de descompromisso. No reino da rainha Ygghy Norância, mesmo aqueles que nunca foram brilhantes, se sentiam importante pois tinham um conhecimento superior aos outros habitantes daquele reino. Os que foram para o reino do rei Pres Sor, passaram a exercer funções de guardiões, de fiscais e até de espiões, funções que exerciam com força e autoridade e, principalmente, com autoritarismo. Os que optaram pelo reino do rei Lapso se sentiam livre para fazer o que queriam sem responsabilidade e sem cobranças, como era de costume naquele reino, ninguém era cobrado em nada desde que servissem o rei.
Em pouco tempo a maioria dos ex-súditos do reino Educar já havia esquecido do rei Thor e dos seus ministros-mestres, acreditava que estava aproveitando melhor a vida.
Bastaram alguns anos para os reinos começarem a sentir falta das produções e dos serviços oferecidos pelos habitantes do reino Educar: O povo morria nas mãos de médicos despreparados, negligentes e charlatães, construções desabavam com freqüência, a sociedade regrediu, os avanços tecnológicos começaram a desaparecer, a mão de obra ficou muito barata e com uma qualidade muito ruim, o povo estava mais pobre, e os governantes mais tiranos, as pessoas estavam muito mais agressivas e mal educadas, as palavras: por favor! Desculpe-me! Com licença! Simplesmente desapareceram do linguajar do povo, caiu em desuso, aumentou a violência, a miséria e a escravidão, o povo perdeu o poder de argumentar e de contestar. A democracia, que já não era grande coisa, foi extinta, o povo começou a ficar assustado e saudosista de um tempo de fartura, avanços e melhor nível de vida. Agora as pessoas estavam mais fanáticas e eram enganadas com facilidade.
Alguns líderes de aldeias, tribos e cidades tentavam entender como chegaram àquela situação. Finalmente chegaram à conclusão de que tudo aquilo estava acontecendo por eles terem se acomodados e não lutado pelo reino Educar. Mas e agora, o que fazer? Como reconstruir o reino Educar? Como lutar contra rainhas e reis maus?
Depois de muitas reuniões na clandestinidade, decidiram que deveriam preparar o povo para a luta contra esses reinos e resgatar das masmorras os ministros-mestres que ainda estavam vivos.
As batalhas tiveram início, foram lutas duríssimas, muitas vidas foram perdidas, pois as poucas armas-livros que existiam estavam escondidas pelos poderosos que as usavam contra os súditos, outras estavam escondidas por alguns destemidos ex-súditos do reino Educar. O levante foi grande, vários reis e rainhas foram derrubados pela vontade do povo, mas nenhum deles foi eliminado, assim eles continuaram com seus exércitos particulares e agindo para voltarem ao poder. Os ministros-mestres que foram expulsos, voltaram para o castelo, o rei Thôr foi novamente reconduzido ao trono e o reino Educar, lentamente, foi sendo reconstruído. Muita coisa teve que ser feita, os ministros-mestres tiveram que serem treinados novamente para usar com eficiência as poderosas armas-livros além de outras novas armas mais modernas, mas durante muitos e muitos anos o povo ainda continuou sofrendo nas mãos de tiranos que continuaram oprimindo e atrapalhando os trabalhos no reino Educar.
Mesmo após a revolução, alguns adeptos do reino do rei Lapso, da rainha Igghy Norância ou do rei Pres Sor, se passavam por parceiros e, enganando o povo, assumiram funções importantes no poder do reino Educar, prometiam muito, faziam pouco e, ainda, jogavam culpa na incompetência dos líderes do reino Educar, mas pouco faziam para ajudar. Enquanto isso o povo continuava oprimido, miserável e com poucos recursos para melhorar suas condições de vidas.
Pelo sofrimento o povo aprendeu que a vida no reino Educar, pode parecer chata e desnecessária, mas sem ela os temíveis rei Lapso, a rainha Igghy Norância, rei Pres Sor tomam conta de tudo e, a probabilidade de serem levados para devastador império do rei Trocesso é muito grande.

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