
Chegou a hora que eu mais esperava, o momento de escolher os jogadores de cada time, como de costume, os dois garotos considerados melhores do pedaço foram encarregados de escolher os times, era feito assim para não ficar os dois no mesmo time - se isso acontecesse desanimava o time adversário - de um lado Naldo, do outro Picolé (apelido por apostar picolés nas disputas de pênaltis, normalmente ganhava). Esse momento era muito importante, pois, normalmente, eu era o último ou um dos últimos a ser escolhido e, para piorar, sempre ficava para fora, acabava jogando muito pouco, mas naquele dia eu era o dono da bola, tinha que ser diferente. Começou a escolha, eu fiz questão de ficar com a bola debaixo do braço mostrando que o dono da bola estava ali e pronto para brilhar. Não fui o primeiro, mas fui o quarto do meu time, estava ótimo, caminhei todo orgulhoso e já joguei a bola no chão oferecendo-a aos meus companheiros, como se dissesse ao outro time:
- Viram, vocês não me escolheram antes, agora nós já estamos chutando a bola novinha!
Pronto, bola novinha no centro do gramado, digo, quase gramado, explico, grama mesmo era só alguns pedaços, a maior parte era terra dura. Mas vamos ao que interessa, bola reluzindo no meio do campo, eu fazendo aquecimento, quando o Naldo alertou:
Pronto, bola novinha no centro do gramado, digo, quase gramado, explico, grama mesmo era só alguns pedaços, a maior parte era terra dura. Mas vamos ao que interessa, bola reluzindo no meio do campo, eu fazendo aquecimento, quando o Naldo alertou:
- Estão passando dois jogadores no time de vocês e um no nosso! - Picolé olhou para todos e disse: - Tino e Cipó esperem lá fora, logo vocês entram! Aquilo foi um choque para mim, precisava tomar medidas drásticas, tinha que dar a carteirada, digo, bolada, do tipo – vocês sabem com quem estão falando! – e disse: - Eu tenho que entrar jogando!
Por que você tem que entrar jogando? – Perguntou Picolé, aparentando irritado.
- Oras, eu sou o dono da bola, se eu não jogar eu levo a bola e ninguém joga. – Falei com autoridade e peito estufado.
Os dois times se olharam, como se perguntassem – e agora? – Nesse instante, Picolé pegou a bola do meio do campo, chegou perto de mim e empurrou-a contra o meu peito e disse: - Então leva embora e some daqui.
Eu imaginei que alguém iria me defender, não porque gostasse muito do meu futebol, mas por interesse em jogar com a bola nova, mas ninguém falou nada, inclusive o Fininho correu perto do gol, pegou a bola velha soltando gomos e colocou no meio de campo e começou o jogo.
Bem, se eu tinha dúvidas se era ruim de bola, naquele dia comprovei que era muito ruim, nem sendo dono da bola resolveu meu problema.
Por que você tem que entrar jogando? – Perguntou Picolé, aparentando irritado.
- Oras, eu sou o dono da bola, se eu não jogar eu levo a bola e ninguém joga. – Falei com autoridade e peito estufado.
Os dois times se olharam, como se perguntassem – e agora? – Nesse instante, Picolé pegou a bola do meio do campo, chegou perto de mim e empurrou-a contra o meu peito e disse: - Então leva embora e some daqui.
Eu imaginei que alguém iria me defender, não porque gostasse muito do meu futebol, mas por interesse em jogar com a bola nova, mas ninguém falou nada, inclusive o Fininho correu perto do gol, pegou a bola velha soltando gomos e colocou no meio de campo e começou o jogo.
Bem, se eu tinha dúvidas se era ruim de bola, naquele dia comprovei que era muito ruim, nem sendo dono da bola resolveu meu problema.