sábado, 28 de agosto de 2010

MEDICANDO E REMEDIANDO

Dois velhos amigos e amigos velhos conversando:
- A nossa saúde é proporcional ao tempo que demoramos para ir ao médico.
- Quanto mais cedo irmos ao médico melhor?
- Não. Ao contrário! Quanto mais tarde melhor.
- Mas o que é isso compadre? Os médicos é que nos informam sobre a enfermidade que temos!
- Por isso mesmo, os médicos têm a mania de serem portadores de péssimas notícias.
- Mas também, se formos ao médico e ele nos informar que não temos nada ficamos revoltados com a sensação de termos gastado dinheiro à toa.
- Você já notou que antes de ir ao médico temos apenas uma dor, depois da consulta passamos a ter uma doença, muitas vezes com nome e sobrenome.
- Não sei se você já notou a psicologia médica: primeiro ele informa que você está doente – faz cara de tristeza para combinar com a cara de aflição do paciente – depois da pergunta – tem cura doutor? – Com um leve sorriso ele diz que sim. – O sorriso não é propriamente pela cura do paciente, mas pelo tempo que ele vai passar pagando. – Quando o médico informa ao paciente ou aos familiares que o paciente não tem cura sua cara é de tristeza total, mesmo que ele nuca tenha visto o paciente antes. – A cara de tristeza é, em primeiro lugar, para combinar com a tristeza dos familiares e, em segundo lugar, por estar perdendo um cliente e, porque não dizer, dinheiro.
- Você sabe porque o símbolo da farmácia é uma cobra?
- Não! Nunca me atentei para isso! O que significa?
- Se cura, cobra. Se mata, cobra.
- Você acredita que a primeira cirurgia que fizeram em mim, um dos médicos era tão inexperiente que, após ter realizado um corte, ele virou para o colega e perguntou – Xii, acho que errei! Você tem uma borracha pra eu apagar?
- Apesar de tudo os médicos têm muita credibilidade!
- Ah! Isso eles têm mesmo compadre!
- Quando estava lutando na segunda grande guerra, passamos por um campo onde havia muito soldados feridos ou mortos, nosso comandante solicitou para que o médico fosse indicando quem estava vivo e quem estava morto; aqueles que estavam feridos, mas estavam vivos, seriam levados à enfermaria, os que estavam mortos, até para não ter que enterrar tanta gente, deveriam ser jogados no rio para as piranhas. O médico era um Inglês e os carregadores eram voluntários de um país... prefiro não citar o nome. - Bem, o médico ia à frente dizendo: - este tá vivo, este tá morto, este tá vivo, este tá morto e, assim por diante, quando os homens estavam carregando um soldado que o médico disse estar morto e que seria jogado no rio, o suposto morto levantou a cabeça e começou a suplicar desesperado: - eu tô vivo, eu tô vivo! – Os voluntários não tomaram conhecimento disseram: - se o médico disse que você tá morto é porque tá, vai querer saber mais que doutor agora? - Em seguida jogaram o homem no rio.
- Mas não se pode dizer que só os simples mortais passam por situações complicadas em relação aos seus médicos; eu estava visitando a Inglaterra quando ocorria a substituição do médico da rainha, o anterior já estava muito velho. Havia servido durante mais de trinta anos e decidiu que merecia a aposentadoria, os súditos falavam que até os últimos dias ele havia sido leal e competente. No critério de escolha do novo médico pesou muito a influência e, no final, foi indicado um médico que não gozava de boa reputação junto ao povo. Num dia os jornais estamparam na primeira página a foto e o nome do novo médico, no outro dia, na frente do palácio amanheceu um faixa bem grande: Deus salve a rainha.
- Bem, a conversa tá boa, mas vou correndo para casa tomar meu Lexotan.
- Não corra muito ou poderá tropeçar na bengala. – Ironiza o outro.
- E você deve tomar cuidado para não tropeçar no saco! – O outro não respondeu por não ter ouvido, a surdez já estava avançada.